ÁFRICA/REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA - Os rebeldes continuam atormentando a população, não obstante a dissolução do Seleka

Quarta, 18 Setembro 2013

Bangui (Agência Fides) - "O que fazer? São coisas que acontecem!" Pe. Aurelio Gazzera, missionário, fala com filosofia numa conversa com a Agência Fides, sobre o que aconteceu com ele em 16 de setembro, quando foi negociar com os rebeldes Seleka a liberação de alguns indivíduos capturados e brutalmente torturados (a tal ponto que ambos perderam um olho e estão com os braços paralisados). "Ao chegar à base do Seleka – conta o missionário – tinha apenas um homem armado. As prisões estavam cheias. Eu comecei a perguntar quando terminariam de torturar as pessoas e mantê-las na prisão. Outros rebeldes chegaram e eu perguntei onde estava o chefe. Disseram-me que estava na casa do outro lado da rua, onde o "coronel" do Seleka reside.
"O Coronel chegou", continua Pe. Aurelio. "Eu disse que vim para protestar contra os abusos e eu expliquei o que aconteceu. Ele respondeu que é seu trabalho. Respondi-lhe que não é o seu trabalho prender as pessoas, e muito menos espancá-las. Então eu pedi a libertação de pelo menos um prisioneiro, que era grave, mas ele se recusou". “E neste ponto outro "coronel" (chamado Goni) chegou gritando que ele teria me matado. Eu não tinha o direito de ir interceder em favor das pessoas presas. Ele me ameaçou com uma arma e me deu um tapa no rosto", concluiu Pe. Aurelio. "O meu arrependimento é que eu não consegui obter a libertação de pelo menos uma pessoa", disse ele. O Presidente Michel Djotodia, colocado no poder pelos rebeldes, anunciou a dissolução do Seleka, mas de acordo com Pe. Aurelio "trata-se de uma fachada. A dissolução do Seleka no território nós não a percebemos. Os rebeldes estão aqui e pretendem ficar, tentando extorquir o quanto for possível uma população pobre". "O desarmamento dos membros do Seleka na capital Bangui levou à recuperação de cerca de 150 armas, quando se sabe que os rebeldes são pelo menos 25 mil", disse Pe. Aurélio.
A República Centro-Africana permanece numa situação precária, apesar da implantação dos soldados da força de paz dos países limítrofes.
Em Bossangoa, no noroeste da República Centro-Africana, o Seleka e homens fiéis ao deposto Presidente François Bozizé se confrontaram nos últimos dias (veja Fides 12/9/2013). “É difícil conhecer a situação nos arredores de Bossangoa, porque as linhas telefônicas caem continuamente e as pessoas que fogem da área muitas vezes não sabe o que acontece”, concluiu o missionário. (L.M.) (Agência Fides 18/9/2013)


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