OCEANIA/PAUPA NOVA GUINÉ – A Igreja deplora o acordo entre Austrália e Papua Nova Guiné sobre os refugiados

Terça, 23 Julho 2013

Port Moresby (Agência Fides) – A Igreja na Papua Nova Guiné manifesta grande tristeza e critica fortemente o recente acordo assinado entre Austrália e Papua Nova Guiné sobre o tratamento e reinserção dos refugiados e requerentes de asilo. Numa nota enviada à Fides pela Comissão Episcopal para as questões sociais, se afirma: "A Conferência Episcopal de Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão foram pegas de surpresa pelo anúncio que todos os requerentes de asilo que chegam a Austrália pelo mar serão transportados para a Ilha de Manus, na Papua Nova Guiné, e os considerados "verdadeiros refugiados" serão reassentados na Papua Nova Guiné e ilhas do Pacífico". Segundo muitos observadores, com o acordo a Austrália, na véspera das eleições, jogaria o problema de afluxo de refugiados num país como a Papua, entre os mais pobres do mundo, sem preparação e com graves problemas sociais.
Os bispos recordam que "na Papua Nova Guiné não falta a compaixão para com os necessitados" e notam que "o país, neste momento de sua história, não tem capacidade para acolher um afluxo considerável de refugiados e prover às suas necessidades imediatas".
A Papua Nova Guiné "tem orgulho justamente da proteção garantida por sua Constituição a todas as pessoas, cidadãos e não cidadãos, sem distinção". Segundo o texto, "é justo conduzir as pessoas além de nossos confins contra a sua vontade? É justo manter nos campos de detenção pessoas que não infringiram as nossas leis?".
De fato, segundo o relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, as condições de vida no centro da ilha de Manus "não satisfazem as normas de proteção internacional, e a situação em Manus pode provocar danos no campo psicossocial". Os bispos pedem ao governo que novos refugiados cheguem a Papua Nova Guiné somente se "forem radicalmente melhoradas as estruturas e condições que os hospedam". O apelo mais forte foi feito ao governo da Austrália "ara que encontre soluções mais humanas para as pessoas que buscam asilo em seu país", ressalta o texto. Em relação ao "tratamento dos refugiados por motivos políticos, religiosos e econômicos estão envolvidos os princípios fundamentais dos direitos humanos".
Segundo Pe. Philip Gibbs SVD, Secretário da Comissão, "a Papua Nova Guiné foi levada a crer de se unir à Austrália numa campanha justa contra os traficantes de seres humanos, mas suspeitamos que o acordo seja fruto de uma conveniência política, em detrimento de pessoas que buscam refúgio". O secretário recorda também que "o Santo Padre Francisco recentemente mostrou na viagem a Lampedusa o comportamento justo que os cristãos devem ter, falando de acolhimento, solidariedade e luta contra a "globalização da indiferença". (PA) (Agência Fides 23/7/2013)


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