ÁFRICA/RD CONGO – Apostar na coesão do povo congolês para superar a guerra no leste

Sábado, 16 Março 2013

Kinshasa (Agência Fides)- “Mesmo na complexidade da situação e na incerteza do momento, o presidente Kabila tem em suas mãos uma potencial oportunidade extraordinária para vencer o M23: a coesão de todo o povo congolês”, afirma a “Rede Paz para o Congo”, numa nota enviada à Agência Fides. O M23, o movimento de guerrilha que atua no Kivu do Norte (leste da República Democrática do Congo) parece ter se dividido em suas facções: uma favorável à negociação com Kinshasa, outra ao invés intencionada a prosseguir com as hostilidades. Mas segundo a nota enviada a Fides, estamos diante do tradicional “jogo de pôquer que está sendo tramado há mais de 15 anos no Kivu e sempre com a mesma tática: acabar com as rebeliões, assinar acordos de paz, integrar um dos grupos rivais no exército regular... até a próxima guerra. Uma estratégia a curto prazo que dura muito tempo”
A Rede Paz pelo Congo considera, ao invés, que o Presidente Kabila deve reforçar a unidade nacional, como auspiciou no seu discurso de 15 de dezembro de 2012, para resolver a crise em andamento no leste do país. “Parece evidente que o único caminho para recriar a coesão nacional é a urgente convocação de um “diálogo nacional”, com a participação de todas as forças do país: Governo, Parlamento (maioria e oposição), oposição extraparlamentar e sociedade civil. A crise de insegurança no leste do país (uma guerra de baixa intensidade com fases repetitivas) se insere numa crise geral de toda a Nação e a agrava”, afirma a nota.
É dentro de um diálogo em nível nacional que o povo congolês pode buscar e propor orientações e iniciativas aptas para resolver as crises recorrentes do leste do país, garantindo o mais rigoroso respeito da Constituição, procedendo às reformas necessárias dos serviços de segurança (exército, polícia e serviços secretos), da justiça (instituição da Corte Constitucional, da Corte Jurídica e do Conselho de Estado), do sistema eleitoral (uma comissão eleitoral mais transparente e mais independente dos partidos políticos) e garantindo uma boa gestão dos recursos naturais (minerários, petrolíferos, florestais e agrícolas), em vista de um melhoramento das condições sociais de toda a população (direitos humanos, infraestruturas, educação e saúde). “A discussão sobre esses temas cabe ao povo congolês em sua totalidade e não pode ser objeto de negociação entre o governo e um determinado grupo armado. É este debate em nível nacional e que poderá recriar esta coesão nacional necessária para resolver a questão dos grupos armados”, conclui a nota. (L.M.) (Agência Fides 16/3/2013)


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