ÁSIA/LÍBANO - O Patriarca Rai: Os Estados que armam regime e oposição se assumam a responsabilidade criminal da tragédia síria

Terça, 29 Janeiro 2013

Bkerké (Agência Fides) - Os líderes dos Estados "que fazem a guerra na Síria, fornecendo dinheiro, armas e meios para o regime e para a oposição", com sua "obra malvada de instigação" são responsáveis diante do tribunal da consciência e da história dos "crimes de assassinato, destruição, agressão e deportação de cidadãos inocentes" que estão martirizando por quase dois anos, o povo sírio. A denúncia – obtida pela Agência Fides – foi feita pelo Cardeal Bechara Boutros Rai, Patriarca de Antioquia dos Maronitas. Em sua homilia proferida na sede patriarcal de Bkerké durante a missa de domingo, por ocasião do Dia de Solidariedade, organizada pela Igreja Maronita em favor de refugiados sírios acolhidos no Líbano (veja Fides 26/01/2013), o Patriarca Rai atribuiu as culpas e omissões da comunidade internacional, um peso decisivo na perpetuação devastadora do conflito sírio. Citando a encíclica do Papa João XXIII, Pacem in Terris, S. B. Rai chamou em causa também a ONU e sua "responsabilidade de organização fundada após a II Guerra Mundial com o objetivo essencial de manter e consolidar a paz entre os povos".
O líder da Igreja maronita estigmatizou também os efeitos desestabilizadores que o conflito sírio pode ter no cenário libanês. O Patriarca Rai convidou os diversos partidos libaneses a “não criticarem o regime e a oposição na Síria”, porque com suas opiniões diferentes, “criam problemas para a vida pública no Líbano e paralisam as decisões nacionais, incluindo a ratificação de uma nova lei eleitoral”. Deste modo – estigmatizou S. B. Rai – se incentivam temores de um arrastamento do conflito sírio ao território libanês e se fomenta a tendência dos libaneses a emigrar para o exterior.
Dirigindo-se aos refugiados sírios, o Patriarca maronita os convidou a serem agradecidos ao Estado e ao povo que os acolheu, chamando-os a conformar-se à “cultura libanesa fundada na abertura, na hospitalidade e na unidade na verdade” e a abster-se de todo comportamento lesivo da paz civil. O Estado libanês, segundo o purpurado, deve “controlar as fronteiras, registrar os refugiados e tomar todas as medidas necessárias para impedir a infiltração de armas no Líbano”. Segundo o Patriarca, é preciso “evitar qualquer eventual complô organizado seja dentro como fora, e toda instrumentalização religiosa, comunitária ou política dos refugiados”. O fluxo dos refugiados também deve ser monitorizado: segundo o Patriarca Rai, é necessário coordenar-se com a Onu e com outros Estados para não sobrecarregar o Líbano com um número de refugiados que o País dos Cedros não poderia tolerar, econômica e socialmente. (GV) (Agência Fides 29/1/2013).


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