ÁFRICA/MADAGASCAR - “Os nossos representantes pensam no que podem ganhar e não no interesse da nação” - denunciam os Bispos de Madagascar

Sábado, 1 Dezembro 2012

Antananarivo (Agência Fides) – “Diariamente constatamos que a independência de nosso país é inexistente” – afirmam os Bispos de Madagascar em uma Carta pastoral enviada à Agência Fides, na qual assumem uma firme posição em relação aos responsáveis da vida política do país.
Os Bispos oferecem alguns exemplos de como a independência nacional esteja comprometida: espoliação dos recursos nacionais (madeira, pedras preciosas, ferro, gado e terras férteis) através de contratos injustos com interesses econômicos estrangeiros; anarquia imperante com corrupção, homicídios, proliferação de armas; “agentes da polícia aproveitam de seu poder para massacrar o povo pobre”; população abandonada a si mesma e priva de meios (“fome intolerável, carência de cuidados médicos, crianças que não podem frequentar escolas e que não podem concluir seus estudos ou não encontram trabalho”); justiça com dois pesos (“só os ricos ou aqueles que têm a proteção do regime obtêm sentenças favoráveis. Estes inocentes sem defesa devem pagar por crimes cometidos por outros!”). A responsabilidade desta situação, segundo os Bispos, é principalmente da classe política, cujos representantes “na maioria das vezes pensam somente em seus interesses pessoais e dos países que os defendem, e não nos de nosso país”, enquanto o confronto entre os dois Presidentes, Rajoelina e Ravalomanana, é qualificado como “luta fratricida que faz o povo de refém”. A Carta propõe algumas sugestões para tirar Madagascar da crise: descentralização administrativa preservando a unidade nacional; reforçar os sistemas educativo e sanitário; independência real, primeiramente cultural e ideológica (“Não tentemos apenas imitar as outras nações ou esperar continuamente ajudas externas, mas utilizemos nossas capacidades para explorar nossas riquezas e procurar, nós mesmos, soluções para nossos problemas”).
Depois de recordar o início do Ano da Fé e o dever da Igreja de defender e representar os pobres, os Bispos concluem com um apelo à verdadeira conversão dos corações. (L.M.) (Agência Fides 1/12/2012)


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