ÁSIA/ÍNDIA - Doze condenações por violência anticristã em Orissa, mas "ainda há muito o que fazer"

Quinta, 29 Novembro 2012

Bhubaneswar (Agência Fides) - Um tribunal de primeira instância em Orissa condenou a seis anos de prisão 12 pessoas culpadas de violência contra as comunidades cristãs, durante a campanha de violência indiscriminada ocorrida no distrito de Kandhamal (Orissa), em 2008. "É o primeiro passo para a justiça. A gente está ainda sofrendo, é inegável, mas esta decisão é um sinal para a legalidade, contra a impunidade", disse à Agência Fides Dom John Barwa SVD, Arcebispo de Cuttack Bhubaneswar. "Ainda há muito o que fazer para garantir a plena justiça. As vítimas ainda estão esperando um ressarcimento adequado. Por outro lado, posso confirmar que os cristãos de Kandhamal, onde eu fui poucos dias atrás, já perdoaram totalmente seus agressores. E apesar de dificuldades como pobreza, vivem a fé na alegria", acrescentou o arcebispo.
Segundo informações locais enviadas à Fides, o tribunal também impôs uma multa de 5.000 rúpias por crimes como incêndio e saques nos povoados de Jarkinaju, perto Raikia. O tribunal ordenou que a falta de pagamento da multa vai resultar em mais um ano na prisão. Outras dez pessoas acusadas foram absolvidos por falta de provas. Fontes locais de Fides lembram que, na maioria dos casos relacionados com a violência de 2008, os criminosos não foram capturados ou, se julgados, foram absolvidos, em muitos casos de assassinato. Os ativistas de direitos humanos continuam denunciando as deficiências significativas na aplicação da justiça. John Dayal, ativista católico e membro da Comissão Federal para as Minorias, confirma à Fides que "não obstante essa sentença, o andamento dos processos nos tribunais de Orissa não inspira muita confiança: muitos assassinos ainda estão foragidos, e um membro de Assembleia Legislativa está em liberdade, mesmo se condenado, porque os juízes parecem pensar que ele é muito importante para ser preso".
Numa nota enviada à Fides, a ONG "Christian Solidarity Worldwide" saúda a decisão como "um passo adiante", mas exorta o governo de Orissa a "lutar contra a impunidade, para garantir o Estado de direito, fundamento essencial para a paz".
A violência contra os cristãos no distrito de Kandhamal eclodiu em agosto de 2008, após o assassinato do líder hinduísta Swami Lakshmananda Saraswati, perpetrado por rebeldes maoístas. Por vingança os extremistas hinduístas perseguiram os cristãos, injustamente acusados de assassinato. Foi a pior onda de violência anticristã na história da Índia após a independência, que causou 90 mortos e 56 mil deslocados. (PA) (Agência Fides 29/11/2012)


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