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Ouadougou (Agência Fides) - 90% da safra já está perdida por causa da invasão de gafanhotos no norte de Burkina Fasso. A situação é particularmente grave na província de Oudalan, que confina com Mali e Níger. A província, que tem uma população de 161 mil pessoas, foi atingida pela pior invasão de gafanhotos dos últimos 15 anos. Somada à escassez de chuvas dos últimos meses, está provocando uma grave crise alimentar. A economia da região baseia-se na pecuária e na cultura de cereais, como milho, e arroz. Mas também na estação favorável, a produção agrícola é menor do que as necessidades da população.
Em agosto passado, uma superfície de mais de 100 mil hectares em Burkina Faso foi invadida por uma nuvem de gafanhotos. A província de Oudalan foi a mais atingida, e 90% da colheita foi perdida, enquanto as províncias vizinhas, Seno e Soum, registraram perdas de 78% e 74%. Segundo dados do ministério da agricultura, em Oudalan, a colheita do ano passado foi de 58.419 toneladas e este ano, prevê-se que não supere 5.642 toneladas. Em 2003, as quatro províncias de Burkina Fasso que estão na faixa do Sahel (Oudalan, Seno, Soum e Yagha) obtiveram uma colheita excepcional, de 248.261 toneladas, mas as previsões para 2004 sono pessimistas: apenas 80.786 toneladas. Assim, este ano, a produção de cereais conseguirá satisfazer somente 15% das necessidades da população da província de Oudalan, muito inferior aos 161% do ano passado; em 2003, na província de Seno, a colheita satisfizera 129% da demanda e 125% em Soum.
Nestas regiões, quando a colheita é fraca, os agricultores adquirem reservas, vendendo seus animais, infelizmente, a escassez de chuvas reduziu as reservas de água, e obrigou as pessoas a vende-los a preço reduzido, para transferir-se ao sul. Em conseqüência da queda de preço do gado, e da renda dos agricultores, houve um aumento do preço dos cereais. Em julho, 100kg de trigo custavam 15 dólares. No início de novembro, o preço já estava em 24 dólares.
Para enfrentar a emergência nas 4 províncias, o governo de Burkina Fasso está distribuindo 500 mil toneladas de ajudas alimentares. (L.M.) (Agência Fides 20/11/2004)
