ÁFRICA/BURQUNA-FASSO - No Sahel, 10 milhões de pessoas, 1 milhão delas crianças, sujeitas à insegurança alimentar

Sábado, 30 Junho 2012

Uagadugu (Agência Fides) – Mais de 10 milhões de pessoas no Sahel sofrem várias formas de insegurança alimentar. Delas, um milhão são crianças com desnutrição severa e outros 2 milhões com desnutrição menos aguda. Os dados foram apresentados por Dom Paul Ouedraogo, Arcebispo de Bobo-Dioulasso e Presidente de OCADES-Caritas Burquina, na Conferência sobre o desenvolvimento sustentável (UNCSD), denominada Rio+20, que se realizou de 20 a 22 de junho de 2012 no Rio de Janeiro. Os países mais atingidos pela crise alimentar são Níger (com 5 milhões e meio de pessoas em situação de sofrimento); Mali (3 milhões); Burquina-Fasso (1,7 milhão) e Senegal (850.000).
As causas da crise são a escassa coleta da estação 2011-12, consequência das poucas chuvas, e em geral, a redução da produtividade nos países da região (Mauritânia, Níger, Senegal, Mali, Burquina-Fasso, Chade) provocada pelas mudanças climáticas. No caso de Mali, somam-se a violência e a insegurança no norte do país, que gerou uma intensa entrada de refugiados nos países limítrofes (apenas em Burquina, vivem 150.000 refugiados de Mali). Outras consequências da crise alimentar, segundo Dom Ouedraogo, são a redução do número e da quantidade de refeições diárias, a perda do gado, a migração de jovens às grandes cidades. Para enfrentar o problema, o Presidente da OCADES-Caritas Burquina indica diversas medidas: estabelecer um sistema de alarme das condições climáticas, melhorar a redistribuição dos recursos alimentares na área, estabelecer verbas de emergência, formar agricultores para novas técnicas agrícolas, construir poços e digas, diversificar as fontes de renda (atualmente 80% da população ativa está empregada na agricultura, o que representa de 30 a 40% do PIL dos países do Sahel).
“Os países do Sahel têm possibilidades para enfrentar a crise. Precisam somente de recursos para reforçar as ações já iniciadas no território. Investindo no reforço da capacidade de recuperação, os parceiros serão capazes de oferecer aos países que sofrem com a crise alimentar uma maravilhosa oportunidade de responder diretamente, no modo mais eficaz e na situação mais difícil" - conclui Dom Ouedraogo. (L.M.) (Agência Fides 30/6/2012)


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