VATICANO - Apresentada a Carta Apostólica do Santo Padre para o Ano da Eucaristia "Mane nobiscum Domine": o Papa não pede a realização de coisas extraordinárias, “mas que tudo seja marcado por profunda interioridade”

Cidade do Vaticano (Agência Fides) - Foi apresentada esta manhã na Sala de Imprensa da Santa Sé a Carta Apostólica "Mane nobiscum Domine" do Santo Padre para o Ano da Eucaristia. O Card. Francis Arinze, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, apresentou a articulação do documento: uma introdução, quatro capítulos e uma conclusão. O ícone dos dois discípulos de Emaús constitui o filo condutor de toda a Carta. Depois de ter explicado como o Ano da Eucaristia insere-se no rastro do Concílio Vaticano II e do Grande Jubileu do ano 2000 (capítulo I), o Sumo Pontífice apresenta mais especificamente a Eucaristia como mistério de luz (capítulo II); como fonte e manifestação de comunhão (capítulo III) e como princípio da missão (capítulo IV).
Muitas vezes durante o seu Pontificado, o Papa João Paulo II convidou a Igreja a refletir sobre a Eucaristia seguindo o ensinamento dos Padres da Igreja, dos Concílios Ecumênicos, e dos seus predecessores, principalmente através da Carta Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, que esta última Carta convida a retomar.
O Papa menciona dois eventos principais que marcam o início e o final do Ano da Eucaristia: o 48° Congresso Eucarístico Internacional, em Guadalajara, México, de 10 a 17 de outubro de 2004, e a XI Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos, que se realizará no Vaticano de 2 a 29 de outubro de 2005, sobre o tema "A Eucaristia fonte e cume da vida e da missão da Igreja". A esses dois eventos acrescenta-se o Dia Mundial da Juventude, em Colônia de 16 a 21 de agosto de 2005. Todos os membros da Igreja - Bispos, sacerdotes e outros ministros, seminaristas, pessoas de vida consagrada, fiéis leigos, em especial os jovens - são convidados a fazer sua parte para o bom êxito deste Ano Eucarístico. O Papa conclui a Carta invocando a Virgem Maria, à qual a Igreja toma como seu modelo, para que seja imitada também na sua relação com este Santíssimo Mistério.
“Ano da Eucaristia e Ano litúrgico são a mesma realidade de graça considerada a partir de dois diferentes ângulos visuais”, disse Dom Piero Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias. “No plano pastoral, a celebração deste “ano especial” oferece a oportunidade de uma catequese prolongada em múltiplos aspectos do mistério da Eucaristia. Entre eles, por exemplo: a estrutura e as dinâmicas próprias da Missa ou Celebração Eucarística; a Eucaristia como ponto central do culto cristão; a sua preparação e o seu prolongamento na Liturgia das Horas; a relação entre a Eucaristia e os outros sacramentos; a problemática hodierna da Missa dominical”.
Em 17 de outubro, o Papa celebrará a Missa na Basílica de S. Pedro no Vaticano, onde após o encerramento terá lugar a Exposição do Santíssimo Sacramento, a Adoração prolongada, a publicação de uma Mensagem à Igreja e a Bênção eucarística. O Ano da Eucaristia se concluirá em 29 de outubro de 2005, com o fim da Assembléia do Sínodo dos Bispos. Dom Marini destacou que a “Eucaristia é o ponto de referência e de encontro de todos os sacramentos”, isso significa que “no Ano da Eucaristia, deve-se haver um cuidado especial na celebração dos sacramentos e os fiéis deverão estar cientes da relação intercorrente de cada um deles e a Eucaristia.”
No Ano da Eucaristia, o Papa João Paulo II não pede a realização de coisas extraordinárias, “mas que tudo seja marcado por uma profunda interioridade”. “O Ano da Eucaristia não é, portanto, ocasião para celebrações especiais - disse ainda Dom Marini -, não se trata de organizar um Ano paralelo, mas de participar mais intensamente no mistério de Cristo, que a Igreja nos faz viver nas celebrações do Ano litúrgico: encarnação, nascimento, bem-aventurada paixão, ressurreição dos mortos, ascensão, pentecostes e expectativa pela parusia do nosso Senhor e Salvador”. (S.L.) (Agência Fides 8/10/2004)