ÁFRICA/BURUNDI - A reserva das cadeiras no Parlamento para os Tutsi está no centro das diScussões entre representantes políticos burundineses nos colóquios abertos sábado na África do Sul

Segunda, 19 Julho 2004

Bujumbura (Agência Fides) - A futura constituição do país e o sistema eleitoral a ser utilizado nas eleições gerais de 2005 estão no centro dos colóquios entre os representantes políticos do Burundi que se iniciaram sábado, 17 de Julho, em Pretória, na África do Sul. De fato, a África do Sul é o maior incentivador do processo de paz no pequeno país da região dos Grandes Lagos.
O ponto mais delicado da discussão diz respeito ao pedido por parte dos chefes da maioria Tutsi (14% da população) de reservar aos Tutsi uma quota de 40% dos lugares do futuro Parlamento. Os representantes dos Hutu (85% da população), por sua vez, defendem a espada desembainhada o princípio “um homem, um voto”. A quota reservada aos Tutsi è uma das cláusulas dos acordos de Arusha de 2000 que se quer manter na nova Constituição”, diz à Agência Fides um idôneo comentarista local de Bujumbura, capital do Burudi. Os acordos de Arusha (Tanzania) foram firmados por representantes políticos Hutu e Tutsi e lançaram os alicerces para o atual processo de transição. “Mesmo se talvez não for possível acolher o pedido de 40% dos lugares no Parlamento, è contudo importante respeitar, se não literalmente, ao menos o espírito dos acordos de Arusha que representam os fundamentos da paz no Burundi” diz a fonte de Fides. “Apesar de tudo, estou confiante porque a comunidade internacional, e sobretudo da África do Sul, não estão poupando esforços para chegar a um acordo definitivo”.
Os colóquios desenvolvem-se entre os representantes dos diversos partidos políticos; o governo transitório de união nacional está presente mas somente com uma função consultiva e não tomar parte das discussões sobre a futura Constituição e sobre o novo sistema eleitoral. Aos colóquios estão presentes o Presidente burudense Domitien Ndayizeye, o Presidente do Parlamento Jean Minami (que è também um dos leader do Frodebu, o principal partido da maioria Hutu), o senador João Batista Manwangari da Uprona (o partido de maioria Tutsi) e Pedro Nkurunziza das Forças para a Defesa da Democracia (FDD), o principal grupo de guerrilha Hutu, que recentemente conseguiu um acordo de paz com o governo.
Paralelamente, ocorreram em Nairobi, capital do Kênia, colóquios entre Carolyn McAskie, representante especial para o Burundi do Secretariado Geral das Nações Unidas, Kofi Ana, e delegados de alto nível das Forças de Libertação Nacional (FLN), o grupo de guerrilha Jutu que ainda não firmou nenhum acordo de paz. “Infelizmente no interior do Burundi o povo pobre continua a sofrer por causa dos combates entre exército e guerrilha” diz a fonte de Fides. Recentemente, os ex-rebeldes do FDD uniram-se ao exército regular para perseguir os guerrilheiros do FLN. “Isto não è uma novidade porque também no passado os dois grupos combateram. Ora, porém, o FDD tem uma nova legitimidade, tendo conseguido o acordo com o governo. Alguns dos seus homens já foram integrados no novo exército unificado em via de constituição com a assistência internacional” conclui a fonte de Fides. (L.M.) (Agência Fides 19/7/2004 linhas 39 palavras 514)


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