Cidade do Vaticano (Agência Fides) – Neste mês de junho, dedicado particularmente a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, rezemos pelos cristãos da Índia. São aproximadamente 23 milhões e 400 mil cristãos, mas de uma população total que supera um bilhão de pessoas, representando pouco mais de 2,3 %. Devem, portanto, considerar-se como fermento na massa e sal da terra.
Pertencem a várias tradições e alguns elementos de sua fé se remontam a pregação do Apóstolo São Tomé, cuja tumba é venerada em Mylapore, próximo a Chennai (Madras); outros, por sua vez, estão ligados ao Movimento Missionário Católico Português, que partiu de Goa no século XVI, onde ainda hoje se conserva o corpo de São Francisco Xavier. Uma grande variedade de denominações cristãs protestantes seguiram os Anglicanos, uma após outra, dentro da Índia, a partir do século XVII. A última quarta parte do século XIX viu o milagre da missão católica entre a população indígena na zona central oriental tribal, graças a chama acesa pelo Servo de Deus Padre Constant Lievens, S.J., cujos restos mortais são venerados na Catedral de Ranchi, Jharkhand, e cujo lema era “o fogo deve arder”.
Evidentemente, os cristãos indianos pertencem a várias tradições. As diferenças entre eles são consideráveis e, sem dúvida, influem no seu testemunho. Todavia, todos levam nos corações a fé e professam com a boca que Jesus é Senhor e Salvador. É isto o que os une, alguns de forma plena, outros de modo parcial. O Seu Espírito atua entre eles.
Sabemos que “Deus, nosso Salvador, quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus e também um só mediador entre Deus e os homens: Cristo Jesus, que se entregou como resgate por todos” (1Tim. 2, 4-6). Jesus conhecia muito bem o grande amor de Deus e do seu plano de salvação; também viu a importante missão que teriam os discípulos para cumprir o plano divino; sabia que qualquer tipo de falta de união e de comunhão entre eles seria contraproducente, mas que a presença de uma tal unidade e comunhão demonstraria o quanto se amam uns aos outros. Este testemunho teria convencido os observadores duvidosos de que foi verdadeiramente o Pai que mandou Jesus. Só a unidade e a comunhão no amor convencerá o mundo.
Tudo isso explica porque devemos rezar para os cristãos da Índia que pertencem a tradições tão diversas, de tal modo que possam gradualmente tornar-se sempre mais unidos. Só então poderão oferecer juntos um testemunho de plena unidade e comunhão. Sem este testemunho a Índia não conseguirá encontrar em Jesus o fim e a resposta a uma sua antiga e inspirada oração profundamente enraizada e intensamente ouvida: “Da irrealidade, guiai-me à realidade; das trevas, guiai-me à luz; da morte, guiai-me à imortalidade”. Com tal testemunho, a Índia chegará a perfeição mais alta e a abundância de vida.
Esta Intenção Missionária para o mês de junho pode ser vista como uma seqüência da Exortação Apostólica “Ecclesia in Asia” (EA), que o Santo Padre João Paulo II firmou em New Delhi no dia 06 de novembro de 1999 e a entregou pessoalmente aos representantes de toda a Ásia para a sua aplicação. O capítulo V (números 24-31) foi inteiramente dedicado a Comunhão e ao Diálogo. O capítulo VI (32-41) trata do serviço à promoção humana. Ambos querem acompanhar a proclamação, e facilitar a acolhida, do dom de Jesus à Índia, à China e a todos os povos do Continente Asiático. Unindo-nos ao Santo Padre nesta Intenção Missionária de oração, contribuamos efetivamente ao sucesso da missão de amor e de serviço a Jesus na Índia.
Os cristãos da Índia, por causa da grande variedade de suas tradições, estão numa posição privilegiada para mostrar que “no coração do mistério da Igreja existe o vínculo de comunhão que une Cristo-Esposo a todos os batizados... unidos ao Filho, no vínculo de amor do Espírito, os cristãos estão unidos ao Pai, e desta comunhão que os cristãos compartilham uns com os outros através de Cristo, no Espírito Santo” (EA, 24). Este testemunho deve necessariamente levar a luz a muitos; seguramente é algo pelo qual vale a pena rezar. Convidamos todos os cristãos “a unirem-se num caminho de oração e de partilha para explorar as possibilidades de novas estruturas e associações ecumênicas para promover a unidade dos cristãos” (EA, 30).
Dom Telesphore P. Toppo
(Agência Fides 26/05/2003; linhas: 57; palavras: 792).