ÁFRICA/REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO -MASSACRES, FOME, FALTA DE MEDICAMENTOS...UM DRAMÁTICO APELO DO NORDESTE DO CONGO

Sexta, 23 Maio 2003

Bunia (Agência Fides) – “ Começam a faltar alimentos e medicamentos, a cidade está se tornando sempre mais invisível” disse para a Agência Fides um sacerdote local da cidade de Bunia, cidade localizada no nordeste da República Democrática do Congo, que se encontra há dias no centro de violentos desencontros entre milícias Lendu e Hema. “A situação no momento está calma, após os combates que ocorreram há três dias” disse o sacerdote, “mas a situação humanitária está piorando dia-a-dia. os mercenários e os negócios estão fechados e as pessoas não sabem onde comprar o que comer. aqueles que fugiram para a floresta não podem voltar para Bunia nestas condições. infelizmente as violências continuam. Todos os dias surgem notícias de massacres nas vilas perto de Bunia. Por isso esperamos a retomada dos combates na cidade”.
Bunia até abril era controlada por tropas ugandenses, que se retiraram com base em acordos com o governo congolês. O seu lugar foi ocupado por guerrilheiros Hema e Lendu, dois grupos étnicos que disputam o controle das terras. Os Hema são pastores e os Lendu são agricultores. A antiga rivalidade entre as duas etnias foi alimentada pelos ugandenses que a partir de 1.999 armaram as duas facções, segundo o princípio de dividir para melhor combater.
A força de paz das Nações Unidas no Congo arregimentou cerca de 700 homens na região de Búnia, mas até o momento a sua ação foi pouco eficaz, porque os “Capacetes azuis” são poucos”, disse o sacerdote, é preciso uma força mais consistente com um claro mandato do Conselho de Segurança da ONU para colocar fim aos combates. A França já se diz disponível para enviar as próprias tropas. esperamos que cheguem rapidamente e contribuam verdadeiramente para trazer a paz”.
Em Bunia, nas últimas semanas, foram mortas centenas de pessoas, entre as quais três sacerdotes. Na noite de terça-feira 6 para quarta-feira 7 de maio foi morto em sua residência Pe. Raphael Ngona. Em 11 de maio, os guerrilheiros mataram dois sacerdotes congoleses cujos corpos mutilados foram encontrados nas instalações da paróquia de Nyakasanza. Trata-se do Pároco, Pe. François Xavier Mateso e de Pe. Aimé Ndiabu. Pe. Aimé foi degolado em seu quarto, enquanto que Pe. François Xavier foi morto nas proximidades da paróquia. Diversas pessoas estavam refugiadas nas instalações da paróquia e pelo menos 48 delas foram mortas. Também dois membros da Moduc foram encontrados selvagemente mortos em 19 de maio passado.
O conflito entre Hema e Lendu até agora provocou 50 mil mortos entre os 3 milhões da guerra do Congo. (L.M) (Agência Fides 23/5/2003 – linhas: 33, palavras: 437)


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