ÁSIA/CORÉIA DO SUL - ABERTO O PROCESSO DE BEATIFICAÇÃO DE 124 MÁRTIRES COREANOS

Sexta, 5 Dezembro 2003

Seul (Agência Fides) – Grande alegria na Igreja coreana: a Santa Sé aprovou a abertura do Processo de Beatificação de 124 mártires da Coréia. Trata-se de Paul Yun Ji-Chung e 123 mártires companheiros, que foram torturados e assassinados in odium fidei em 1791, no início da introdução do cristianismo na Coréia.
Quem comunicou à Agência Fides foi a Comissão Episcopal para a Beatificação e a Canonização da Conferência Episcopal da Coréia, que divulgou o nulla osta da Santa Sé para a abertura do processo. A Igreja local entregou no ano passado à Congregação para as Causas dos Santos a documentação relativa aos 124 mártires coreanos.
Assim que obteve a aprovação, a Comissão nomeou um Comitê de especialistas de história, que servirá como órgão consultor para a Congregação. O Comitê é presidido pelo prof. Andrea Kim Jin-so Diretor do Centro de Pesquisa Histórica de Honam, na Coréia, que fornecerá detalhes sobre os episódios do martírio.
Em 1791, Paul Yun Ji-Chung, convertido ao cristianismo e membro de uma família nobre coreana, se recusou a sepultar sua mãe segundo o rito tradicional e do Confucionismo, que permeava a sociedade coreana. As autoridades investigaram o fato, e seguiu-se uma perseguição em larga escala dos cristãos, chamada perseguição de Sin-hae. Paul Yun Ji-Chung se tornou o primeiro mártir coreano proveniente de uma família influente, e com ele muitos outros nobres foram para o exílio ou foram assassinados. O Governo anunciou formalmente que o cristianismo, introduzido no país em 1784, era considerado um “culto maligno” que destruía as relações humanas e a ordem moral tradicional.
A comunidade católica da Coréia sobreviveu na clandestinidade até 1895, quando obteve liberdade de fé. Mas em um século, os cristãos sofreram outras quatro grandes perseguições: a de Shinyu em 1801 (103 mártires que morreram na ocasião foram beatificados pelo Santo Padre em 1984); Gyhae, em 1839; a perseguição de Byung-o em 1846 e a de Byung-In em 1866. Durante este período, estimativas da Igreja coreana falam de cerca de 16.000 cristãos mortos.
O prof. Domenico Youn Minku, da Universidade Católica de Suwon e Postulador da causa de beatificação dos primeiros mártires coreanos, disse à Agência Fides: “Único caso na história. Na Coréia, a Igreja católica foi introduzida espontaneamente pelos próprios coreanos. A fé foi buscada por intelectuais coreanos através de livros escritos em chinês por missionários europeus que tinham trabalhado na China. A comunidade cristã na Coréia, que teve início com um batismo de um coreano em 1784, logo cedo conheceu duras perseguições. Mas a fé viva e corajosa soube resistir, ou melhor, cresceu sempre mais. Hoje a comunidade é uma das mais dinâmicas do mundo”.
(PA) (Agência Fides 5/12/2003 Linhas 41 Palavras 448)


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